Quando se tem a oportunidade de observar um cometa que muito provavelmente só será novamente visível daqui a cerca de 7000 anos, não queremos saber do conforto a que normalmente nos habituamos ao longo de gerações. Neste caso nem a chuva, nem o vento ou mesmo a trovoada, o frio, os incêndios que poluem o horizonte, a poluição luminosa, foram impeditivos de me deslocar para o Parque Natural do Alvão, com o objectivo de fotografar o cometa Neowise. Num dos dias em particular, houve uma mudança brusca do estado do tempo, mas ainda assim sempre acreditei que as condições meteorológicas iriam mudar. Depois de muitas horas à espera em lugares isolados, na procura do minúsculo ponto nas imediações da Ursa Maior, fui bem sucedido umas vezes e outras nem por isso.
Quando o vi pela primeira vez, não queria crer no que os meus olhos viam (nunca utilizei qualquer meio para ajudar a identificar o cometa). Lembro-me da primeira fotografia em particular, pois por volta das 4H45 da madrugada, ele surgiu na linha do horizonte já bem acima das nuvens que existiam na zona. Foi a primeira fotografia que fiz ao cometa. Seguiram-se planos de timelapse que também estão aqui na página. Alguns dias depois decidi começar a observá-lo na tentativa de o fotografar depois do pôr-do-sol (podem ver algumas fotografias na galeria em baixo). A fotografia ao lado é resultante da composição de 330 frames (provenientes de um registo de timelapse que demorou cerca de 60 minutos a obter) e que deu origem a este “Startrail” onde é possível ver a deslocação do cometa e das estrelas. Acreditem que é fantástico observar um objecto desta natureza. Um antepassado de regresso à Terra. Todas as fotografias foram obtidas em dois locais do Parque Natural do Alvão. Aqui ficam algumas fotografias do cometa, para quem não tem a possibilidade de o observar: