Dedico esta imagem a dois amigos. Paula Branco e Norberto Calaia. Conheci este casal há para aí uns 6 anos. Proprietários de um espaço lindíssimo, a Goldnature, convidaram-me a apresentar uma proposta para fotografias de grandes dimensões, nos vários espaços do seu alojamento, sito em S. Miguel – Gondomar. Na altura aceitei, mesmo em dia de muita chuva e depois de uma longa conversa telefónica num domingo à tarde. Desde essa data que frequento aquele espaço. Umas vezes convidam eles, outras faço-me de convidado… é gente boa e não leva a mal… Gente de outra coragem e força de vontade. Gente criada no milénio passado e que sabe valorizar a vida e enfrenta as dificuldades, mesmo que as pedras surjam no caminho, ou desconheçam esse mesmo caminho.
No passado mês de janeiro, surgiu a ideia de realizar umas fotografias à nebulosa de Oríon e como o espaço era propicio (pouca luz artificial ao redor), questionei-os se poderia ir lá fazer umas “sequências para um stacking”. Não sabiam bem o que era, logo percebi. Fui dizendo que aquilo era montar um sistema e que depois as fotografias sairiam sozinhas da câmara. Acreditaram e logo se prontificaram a convidar-me para um jantar. Comes aqui qualquer coisa, diziam eles… E lá aceitei. Não pela comida, mas pelo facto de estar num local seguro e escuro. Esta última parte, não é bem verdade… confesso. Na realidade foi pelo facto de poder conviver um pouco com eles. Conversar. Acho que começo a gostar de regressar às tertúlias de outros tempos. Essa coisa que foi substituída pelas atuais redes sociais.
E lá montei o sistema que iria fazer o trabalho fotográfico, debaixo de um frio extremo. O que é certo é que nem me deram 5 minutos para testar o mesmo. Sim, porque não confio nos sistemas. Gosto de controlar os sistemas. Anda para dentro, diziam eles. Está muito frio! E fiz-lhes a vontade. Confesso que a noite foi longa. Não por causa da comida ou da conversa, mas por causa do tempo que o sistema demorava a recolher 250 fotografias à nebulosa de Oríon. Talvez esta última razão não seja verdade… Talvez.
O que é certo é que debaixo de um frio extremo, rodeado de amigos que ajudam a aquecer a noite, o trabalho fica mais fácil. E o resultado está aqui. Obrigado, Paula Branco e Norberto Calaia.
A vida resume-se a estes momentos. O que mais queremos? A nebulosa de Oríon? É muito fácil, quando estamos com as pessoas certas, no local certo.
Venham outras nebulosas.