Gondomar, Porto, 08 jun (Lusa) – O produtor português Paulo Ferreira recebe sábado em Los Angeles, Estados Unidos, dois prémios no âmbito de um festival que é descrito como os “Óscares” dos documentários independentes por um trabalho realizado na Noruega.
Trata-se do Hollywood International Independent Documentary e Paulo Ferreira venceu nas categorias de documentário e de melhor fotógrafo de ‘timelapse’, uma técnica que consiste em sequências de fotografia reproduzidas em vídeo com o tempo a apresentar-se de forma muito rápida.
O vídeo com o qual o produtor português venceu os “Óscares” do documentário independente chama-se “Nordlys – the northern lights” e versa sobre as auroras boreais, um fenómeno natural que só é possível visualizar em locais de pouca iluminação artificial como é o caso das zonas acima do Círculo Polar Ártico.
Paulo Ferreira fotografou durante uma semana na Noruega com dois objetivos: “por um lado alertar para a evolução da Terra e dar a conhecer fenómenos naturais e por outro mostrar a beleza das auroras boreais”, descreveu à agência Lusa.
“Tive sorte com o fenómeno porque nos dias em que lá estive fui brindado com auroras boreais intensas”, acrescentou.
O “Nordlys” – que corresponde à designação norueguesa para “Luzes do Norte” – é composto por mais de nove mil fotografias, tem narração do americano Conrad Harvey e é completado por uma parte narrativa cedida pela NASA.
“Não estava à espera. O facto de ter ganhado este prémio pode não significar, de imediato, um retorno direto, mas é bom sentirmos que aquilo que fazemos e em que nos empenhamos é reconhecido. Até porque muitas das vezes colocando os nossos recursos quer pessoais, quer profissionais e familiares ali”, apontou Paulo Ferreira que se descreve um “autodidata” e “apaixonado” pela técnica de ‘timeplace’.
A par do trabalho no terreno, Paulo Ferreira, que é desenhador, projetista e informático, contou à Lusa que tem vindo a aperfeiçoar os seus próprios equipamentos de modo a explorar todas as potencialidades da técnica, solicitando, nomeadamente, parcerias a pessoas ligadas à área da robótica.
O vídeo vencedor no Hollywood International Independent Documentary foi realizado graças a uma campanha de ‘crowdfunding’ (apelo ao financiamento coletivo de projetos através de uma plataforma ‘online’), na qual Paulo Ferreira conseguiu cerca de metade (1.800 euros) da verba necessária para a viagem, alojamento e transporte de material, enquanto o restante foi investimento próprio.
“Por muito que nos empenhemos, há sempre luz artificial nas proximidades ao local onde apontamos as nossas objetivas, daí que tenha procurado um local onde podia ver-me livre dessa poluição”, descreveu Paulo Ferreira que voltou da Noruega com menos seis quilos depois de fazer vários percursos em trenó com “neve até ao pescoço”.