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Fenómeno natural raro de uma aurora boreal em Portugal

Aurora Boreal Portugal

Esta imagem ilustrativa de uma aurora boreal, foi registada no dia 11 de maio de 2024, pelas 00h26, no Parque Natural do Alvão. Para além do tom rosado do fenómeno natural (muito raro em Portugal), ainda é visível na linha de horizonte, uma forte trovoada. Faz parte de uma sequência de timelapse.

O último registo de uma grande aurora boreal em Portugal foi a 25 de Janeiro de 1938. O fenómeno apenas foi visível em Portugal, pois a “mancha solar AR3664”, uma monstro com cerca de 200.000 quilómetros de extensão (mais de 15 vezes o diâmetro da Terra) está imensamente activa nos últimos dias.

Estas fotografias e os planos de timelapse que realizei, foram apresentados na RTP na rubrica (A Última Fronteira) do Miguel Gonçalves.

Veja o vídeo:


Aurora Boreal Parque Natural do Alvão

Aurora boreal no Parque Natural do Alvão.

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O regresso do Professor Sousa a Jancido

O regresso do Professor Sousa a Jancido

O regresso do Professor Sousa a Jancido

Depois de quatro décadas de ausência, o Professor Sousa regressou a Jancido, a sua aldeia natal. Emigrara para Tristão da Cunha em busca de oportunidades, deixando para trás as paisagens verdes e os moinhos que pontilhavam a ribeira de Caiáguas. Assim que chegou a Jancido, de mala numa mão e a candeia na outra, com os cabelos a ficar grisalhos e os olhos cheios de saudade, decidiu visitar os caminhos que deixara para trás, que outrora eram palco daqueles que viviam do fruto da terra e que ainda hoje lhe são familiares.

Nessa noite estrelada, decidido a reencontrar as memórias do passado, o Professor Sousa aventurou-se pelos trilhos que levavam aos antigos moinhos de Jancido. Sob a luz tímida da Ursa Maior e da Lua, cada passo era uma viagem no tempo, revivendo momentos de infância e juventude. Os moinhos, outrora testemunhas do trabalho árduo dos habitantes da aldeia (seus familiares), agora permaneciam silenciosos, como guardiões de histórias antigas.

Ao contemplar aquelas estruturas de pedra, o Professor Sousa sentiu uma mistura de nostalgia e gratidão. Recordou os dias em que corria livremente pelos campos, ajudava o seu avô a moer o milho, aprendendo lições que transcenderiam os anos. O canto da coruja e a brisa suave da noite sussurravam segredos do passado, envolvendo-o numa aura de paz e serenidade.

De regresso à aldeia, o Professor Sousa carregava consigo mais do que simples lembranças. Levava consigo o legado da sua terra, pronto para partilhar com as gerações vindouras, se interessadas em ouvir as suas histórias. E naquela noite, sob o manto estrelado, Jancido recebeu de volta um filho pródigo, cuja história se entrelaçava com a dos seus moinhos, ribeiras selvagens e campos verdejantes.

E Jancido reviveu o passado.

Regresso professor Sousa
O regresso do Professor Sousa a Jancido

O regresso do Professor Sousa a Jancido
O regresso do Professor Sousa a Jancido
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O regresso do Professor Sousa a Jancido

Fotografia e narrativa de ficção da autoria de Paulo Ferreira | Com a participação especial de Nelo Sousa como figurante | Um agradecimento aos Moinhos de Jancido

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Galáxia de Andrómeda Um Poema

Andromeda

Na vastidão do firmamento estrelado, Andrómeda, esplêndida, se ergue no espaço, Um turbilhão de estrelas, dança de luz e encanto, Um poema cósmico, um sonho abraçado.
Ela gira em segredo, em espirais de mistério, Bordada com estrelas, joias do infinito, Nebulosas dançam em seu véu sedoso, Nas asas da noite, ela brilha, um afluente.
Distante e majestosa, em seu manto celeste, Andrómeda nos convida a contemplar, Os segredos do universo, os mistérios profundos, Que na noite escura, ela nos revela, a sonhar.
Em sua galáxia, uma sinfonia de luz, Bilhões de histórias, vidas por desvendar, Andrómeda, tu és nossa irmã cósmica, Nossa inspiração, nossa busca no olhar.
Assim, em poemas estelares, te celebramos, Andrómeda, beleza nas fronteiras do espaço, Que possamos, um dia, juntos desvendar, Os segredos que em teus braços vêm repousar.

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A Lua que quase beijou a torre do Castelo de Noudar

A Lua em Noudar

Tive a oportunidade de realizar um workshop de fotografia noturna, em pareceria com o Parque de Natureza de Noudar, nos dias 18, 19 e 20 de agosto. O local possui excelentes condições noturnas para que este tipo de fotografia seja realizado. Praticamente não há luz artificial nas proximidades do parque e isso é uma mais-valia para a astrofotografia, por exemplo. Foi o caso desta imagem. Eu sabia que nesses dias, a Lua iria “passar sobre o castelo de Noudar”, se o ponto de registo desse momento, fosse as instalações da Herdade da Coitadinha (Parque de Natureza de Noudar). Dias antes havia consultado alguma informação ao nível de software que ajuda a perceber estes momentos únicos. Mas apesar dessa consulta e cruzamento de informação ao nível da tecnologia existente, não tinha a certeza disso mesmo. Corria o risco de ter de me movimentar para a lateral das instalações e isso poderia não ser possível dado que os terrenos são vedados para pasto dos animais que habitam o parque. Os nossos sentidos ainda são uma mais-valia para complementar a parte tecnológica do processo. E havia outra razão para estar um pouco sético, e que tem a ver com as condições meteorológicas. Por exemplo, as nuvens não podiam surgir ao final da tarde. Munido de uma câmara fotográfica e de uma objetiva de 600mm, montei o tripé no pátio exterior da Herdade por volta das 20h00 e aguardei pelo momento mais favorável ao registo fotográfico. O relógio marcava 20h27 quando a Lua “aparentemente descia” sobre a muralha do Castelo de Noudar. Foram registadas algumas fotografias em diferentes técnicas fotográficas e o resultado é este. Uma Lua que quase beijou a torre do Castelo de Noudar. O mundo é admirável. Só temos de o saber preservar.  Sermos sustentáveis e consciencializar os políticos mais sépticos. Este é o meu desígnio.

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Foi no mês de Agosto, o mês das Senhoras

Artigo Vivacidade da edição de agosto de 2023

Foi no mês de Agosto, o mês das Senhoras. Minha avó agarrava-me pelo braço e furava a multidão. Não dava fé, havia deixado o tino lá atrás preso à figura sem tempo que esquadrinhava o terreiro da capela: fechava um olho para ver e deixava o aberto escondido por detrás de um aparelho com que fazia mira ao magote de aldeãos, como a caçadeira do meu avô apontada aos coelhos. Que estranha maneira de olhar. Foi num dia de romaria.
Anos galgados, recordo o momento em que fechei um olho para ver melhor a criação do mundo. Artífice menor, dediquei o meu espanto à arte encantatória de domar o tempo a cristalizar miradas. Um dia, encarando o Perito Moreno, percebi que a vida se esvai num contínuo: ora breve, ora furioso. Mas contínuo, tal como o glaciar consumido por si mesmo.
Aportei cais distantes; falei sem saber, ouvi sem perceber. Palmilhei sete léguas de terra e um oceano de baleias. Apontei ao bailado nos céus e não sei se vi anjos na neve. Fui ao Norte. Fui ao Sul. Percorri o deserto. Ouvi a Terra e o gado apascentado no regresso à corte. Semeei histórias, plantei pomares. Fiz-me à noite e às estrelas, outros mundos. Busquei lagartos, trasgos e olharapos. Domei moinhos, castelos, catedrais. Dormi à chuva, temporais. Demandei o mar. Abri velas aos ventos do levante e percorri a planície. Matei o tempo contando nuvens. Procurei o pássaro de ouro e encontrei o canto do rouxinol. Ofereceram-me mariposas, pão e vinho. Bebi com eles, trocámos verdades. Venci prémios, galardões; perdi no dominó – sou santo da casa! A lua espera-me cavalgando as montanhas e o sol morrente é um convite ao torpor. Perdi-me de mim ao encontrar o Fitz Roy e os amigos aguardam o meu regresso sentados à mesa.

Ilustração de Jorge Grator Ferreira (baseada em fotografia de Custódia Sousa) | Texto de Paulo Santos (baseado nas minhas histórias ao redor do mundo).

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Notícia Vivacidade sobre o recente documentário do Parque das Serras do Porto

O documentário “Parque das Serras do Porto – um olhar independente” cuja estreia aconteceu no passado dia 7 de junho de 2023, tem sido um enorme sucesso no que á divulgação do estado atual do parque diz respeito. Após a sua visualização seguiu-se uma mesa redonda com vários convidados de entre os quais se salienta: Eduardo Rêgo (Loving the Planet), Arquitecta paisagística, Filipa Almeida (Apijardins), Serafim Riem (Iris – Associação Nacional de Ambiente), Prof. José Alberto Loureiro Pereira, Vitor Parati, Joel Neves – biólogo e António Gonçalves (dos rapazes de Jancido).

Esta semana foi notícia no jornal Vivacidade.

noticia-vivacidade

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Em busca dos pirilampos perdidos

Pirilampos

Era um dia, como todos os dias de verão. Ou se calhar, não.
O relógio marcava 21h30, o sol de cor quente desaparecia na linha do horizonte. Tinha comido qualquer coisa a correr e sem dar por isso, percorria um caminho que escurecia a cada passo, junto às margens do rio Sousa. Os meus olhos começavam a habituar-se à ausência de luz natural. E apesar de tropeçar aqui ou ali numa pedra ou numa raiz do caminho, não desviei o olhar de uma ou de outra luz que piscava ao meu redor. Eu seguia-as a cada passo. O caminho parecia um túnel feito de árvores e arbustos e os seus ramos faziam questão de me despentear. Parecia que estava a entrar num filme fantástico, numa outra realidade. Aos poucos, aquela pequena luz amarela que piscava ao meu redor, foi-se juntando a outras que piscavam ainda mais. O entusiasmo cresceu e o mundo fantástico dos pirilampos revelou-se. E por ali fiquei a observar aquele mundo. Quando dei por mim, estava a seguir aquelas pequenas luzes para todo o lado. Para a esquerda, para a direita, para cima e para baixo. Quase a perder o equilíbrio, pisquei os olhos mais uma vez e disse para mim que era chegada a hora de registar aquele momento. De acordar e de começar a trabalhar. A noite seria longa. As rãs fizeram questão de me acompanhar no processo de montagem do tripé e das definições da câmara fotográfica. Foi ao som delas que a noite se tornou ainda mais animada. Por lá passaram umas quantas pessoas que vinham ver o fenómeno e alguém me dizia: “Parece um filme do avatar”.

Citando Alberto Caeiro, eu atrevo-me a dizer:

O Mundo não se Fez para Pensarmos Nele

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…

Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender …

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar …
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar…

Pirilampos
Pirilampos

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Hoje de manhã saí muito cedo

Garça-real (Ardea cinerea)

Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer…Não sabia por caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.Assim tem sido sempre a minha vida, e
assim quero que possa ser sempre —
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.

Alberto Caeiro, in “Poemas Inconjuntos”

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Parque das Serras do Porto – um olhar independente

Parque das Serras do Porto – um olhar independente.
Um trabalho independente sobre o estado atual da área verde mais importante do Grande Porto. E que na minha opinião não está a ser devidamente acautelada.
Este documentário de cerca de 12 minutos contou com os depoimentos de Jorge Gomes, José Pereira, Vitor Parati, Serafim Riem e Filipa Almeida.
Um projeto de consciência Loving the Planet.

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