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Etiqueta: Via Láctea

Infinito – Um olhar deslumbrante sobre a Via Láctea e o Universo

Infinito

Explorando o Infinito: Um olhar deslumbrante sobre a Via Láctea e o Universo. Este é um filme realizado com planos de timelapse noturnos e que fui compilando ao longo dos anos em vários pontos do mundo.  Para mim, olhar o universo é uma espécie de felicidade. Pois somos felizes quando procuramos alcançar os nossos sonhos e aspirações, os quais dão significado à nossa vida, como no caso da fotografia e em particular da técnica de timelapse utilizada para realizar este vídeo. Mesmo quando são ou parecem absurdos ou sem sentido e, muitas vezes, nos levam a nada mais, nada menos, do que empurrar uma pedra colina acima, dia após dia, à semelhança do “Mito de Sísifo” de Albert Camus. 
Agarrar-me à esperança, encontrar uma justificação para a vida, é o que me move.

Veja o vídeo, aqui: INFINITO ou clique na imagem em cima.

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A Via Láctea numa noite clara longe da poluição luminosa das cidades

Arco Via Láctea

A Serra das Talhadas, situada no coração de Portugal, nas proximidades de Proença-a-Nova, é um local de rara beleza, onde a natureza se encontra com o céu de uma forma que poucos lugares conseguem replicar. No verão, durante a noite, quando o silêncio toma conta das paisagens ondulantes e o mundo parece estar suspenso no tempo, um espetáculo grandioso se revela: a Via Láctea.
Numa noite clara, longe da poluição luminosa das cidades, a Via Láctea emerge como um manto brilhante que atravessa o céu, pontilhado por milhões de estrelas que parecem sussurrar segredos do universo. A nossa galáxia, com os seus braços em espiral, estende-se por cima das nossas cabeças, formando um arco majestoso que domina o firmamento. É como se a própria Serra das Talhadas se tornasse um palco para um espetáculo cósmico, onde a Terra e o céu se encontram em perfeita harmonia.
Foi numa dessas noites de verão que decidi subir à serra, a partir da aldeia do Casalinho onde estava alojado. O Refúgio do Raposo do casal Francisco e Emília é um daqueles lugares na Terra que parecem não existir. Na verdade, no meu subconsciente, eu sabia que depois de uma noite à procura das estrelas, teria um delicioso bolo (especialidade da dona Emília), à minha espera em cima da mesa da cozinha.
Lá bem no alto, plantada sobre um enorme rochedo, podemos observar a Torre de vigia da autoria de Siza Vieira. Fazia-se sentir algum vento, apenas quebrado pelo som do rádio dos vigilantes que dia e noite permanecem na torre. O céu estrelado, a serra silenciosa, o som do rádio e eu próprio, parecíamos estar alinhados numa sincronia perfeita. Até o som do rádio parecia ligar-me aos cosmos. Naquele momento, eu não era apenas um observador; era parte daquele infinito, uma pequena peça na vastidão da Via Láctea.
E no regresso, já de madrugada, ainda houve tempo para saborear o bolo.

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Um moinho à luz das estrelas

Moinho de vento Urzelina

Os moinhos de vento da Urzelina, situados na encantadora ilha de São Jorge, nos Açores, são um testemunho vivo da herança agrícola e arquitetónica da região. Construídos no século XIX, estes moinhos desempenharam um papel crucial na moagem de cereais, essencial para a subsistência das comunidades locais. Hoje, embora já não estejam em funcionamento, os moinhos de vento da Urzelina continuam a ser um símbolo cultural e um ponto de interesse turístico, proporcionando um vislumbre do passado rústico da ilha.

À noite, a paisagem que cerca o moinho ganha uma nova dimensão com a presença majestosa da Via Láctea. A localização remota e a baixa poluição luminosa da ilha de São Jorge permitem uma visão nítida do céu noturno, transformando este moinho num cenário perfeito para a observação das estrelas. A silhueta do moinho contra o pano de fundo estrelado cria uma imagem de tirar o fôlego, onde a história terrestre se encontra com a imensidão do universo.

A luz antiga da Via Láctea, com as suas infinitas estrelas, brilham por detrás do moinho, realçando as suas formas e cores. Este encontro entre o antigo moinho e o cosmos, lembra-nos a ligação profunda entre o homem, a terra e o universo, celebrando a beleza intemporal da natureza e da capacidade humana.

Numa bela e agradável noite de finais de junho, após o jantar, desloquei-me desde a Fajã dos Vimes até ao local onde existem estes moinhos. Sozinho, posicionei os dois tripés e as duas cameras fotográficas junto a este moinho e iniciei os registos de timelapse da Via Láctea, eram quase 23h00. Por volta das 02h00 das manhã, a Via Láctea estava a chegar mesmo por detrás do moinho. rapidamente troquei de objetivas e munido de uma 50mm e de uma outra a 100 mm fui fazendo alguns testes até conseguir o resultado que ansiava. Uma noite memorável que guardarei para sempre.

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Fotografia noturna em noite de Verão

Ponte_Longras_Noite

A noite caía a passos largos. Olhei para o relógio, marcava 21h15 e eu descida para a ponte de Longras. Uma centenária passagem rudimentar sobre o rio Sousa nas proximidades dos Moinhos de Jancido. Outrora palco de grandes batalhas (entre animais e as pessoas que retiravam da terra o seu sustento), na atualidade serve para os amantes da natureza se deliciarem com as vistas, quer para montante, quer para jusante do rio Sousa. Ao chegar à ponte, o Joel (biólogo), estava sentado na beira do rio (havíamos combinado encontro naquele local horas antes). O objetivo era registar alguns planos de timelapse noturnos e se a ocasião se propusesse, uma ou outra ave noturna, como o Noitibó (um sonho para quem gosta de aves noturnas).
Aproximei-me do rio e procurei um local que enquadrasse a ponte de Longras e a copa das árvores que ladeiam as margens. Apesar de estar num local encaixado no vale do Sousa, ainda assim consegui colocar parte da Via Láctea dentro da imagem. Tinha como finalidade registar o movimento das nuvens e das estrelas que salpicavam a noite de Verão. Pelo meio da escuridão, fui avançando rio dentro para posicionar o tripé e só quando senti os pés molhados é que descobri que havia chegado ao sítio certo. E por ali fiquei largos minutos, O Joel falava de aves noturnas e eu ouvia-o como se estivesse a ler um livro, sentado numa carruagem do expresso do oriente que avançava pela paisagem noturna a todo o vapor. A dada altura, pediu silêncio. Disse-lhe que eu estava calado, ele é que estava a falar. Respondeu que ouvira um Noitibó. E de facto eu também o ouvia, agora que ele o assinalou. E ali ficamos a ouvir, enquanto a câmara registava calmamente as fotografias necessárias para a produção do plano de timelapse. Misteriosos e simultaneamente fascinantes, os noitibós são aves insectívoras de hábitos crepusculares. O noitibó-da-europa faz-se notar principalmente pelo seu canto que faz lembrar um inseto. Era um encanto. Assim torna-se mais fácil concretizar ideias.

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A Via Láctea sobre a ilha das Flores

À noite, na Ilha do Corvo, com vista para a Ilha das Flores. Separadas por um oceano profundo e uma Via Láctea imensa. O mundo é maravilhoso. Porque teimamos em destruí-lo?
Agosto, foi o mês que escolhi para realizar um documentário natural na ilha das Flores. O projecto iniciou-se nesta ilha, contudo, certa noite e porque as condições meteorológicas eram favoráveis, fiz a travessia de barco que liga as Flores, ao Corvo. O objectivo era muito claro:
Registar alguns planos de timelapse no Corvo. Este é apenas um deles e mostra-nos a Via Láctea por cima da ilha das Flores. 

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Lapso de Tempo

Este video “Lapso de Tempo”, surge no seguimento das minhas viagens pelo mundo. Tive a oportunidade de conhecer países como por exemplo a Norugea, Espanha, Chile, Argentina, Nova Zelândia e Islândia, bem como mais aprofundadamente Portugal, nomeadamente a parte continental e insular. Em todos eles, consegui registar alguns planos de timelapse noturnos e que agora fazem parte deste trabalho.

É notória a diferença de qualidade de alguns planos. Contudo são o registo da minha evolução ao longo do tempo. Comecei com uma simples 500D e nos dias de hoje já utilizo 5DSR ou até mesmo a α7.

Trata-se de um vídeo que pretende mostrar o lado noturno, reunindo imagens que vão desde a aurora boreal, á via láctea e até a Lua, nos hemisférios Norte e Sul. Um retrato do tempo. Um lapso de tempo. Uns insignificantes segundos na imensidão do espaço-tempo.

Como dizia Carl Sagan, trata-se de uma breve história do tempo. Do meu tempo. Diante da vastidão do tempo e do universo.

Música de André Barros.

Clique na imagem para visualizar o vídeo.

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A Via Láctea na Torre de Vigia de Siza Vieira

A Serra das Talhadas, um local onde já estive por várias vezes a convite do Refugio do Raposo, um espaço de turismo rural na pacata aldeia do Casalinho, recebeu recentemente uma Torre de Vigia da autoria de Siza Vieira. Se já no passado haviam motivos mais do que suficientes para visitar aquele local, agora tornou-se quase uma necessidade. A necessidade das coisas terrenas, como querer a simpatia das pessoas, querer aquele abraço, ou querer admirar o horizonte. Mas também das coisas que nos libertam, um desejo de ir mais alto, mais além. Olhar o universo. Viver um olhar eterno.

E estas fotografias são o meu olhar eterno. Desligo-me das coisas terrenas e catapultado por elas, vou ao encontro do eterno. Do passado, na ânsia de perceber o futuro. Viver. De noite e de dia. Somos demasiado breves e pequenos. Aquele abraço do tamanho da nossa Galáxia, a Via Láctea.

Via Láctea na Serra das Talhadas
Via Láctea na Serra das Talhadas
Via Láctea na Serra das Talhadas
Via Láctea na Serra das Talhadas
Via Láctea na Serra das Talhadas
Via Láctea na Serra das Talhadas

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A Via Láctea e o efeito “airglow” na ilha das Flores

Milky Way Açores

Esta fotografia foi registada na ilha das Flores, no arquipélago dos Açores. Já tive a oportunidade de fotografar a Via Láctea em alguns lugares remotos ao redor do mundo. Poucos são aqueles onde o preto da noite impera. Este, em especial, foi uma surpresa para mim. Uma surpresa boa, pois a luz artificial quase não existia. Com o objetivo de registar um plano de timelapse, desloquei-me ao local, marcava o relógio 23H35. O caminho para esta enseada é bastante escuro e ao chegar é possível ver a olho nu o núcleo central da Via Láctea. Ali chegado, parei uns breves minutos para a observar e sentir o quão pequenos nós somos. Olhar a Via Láctea é perceber de onde vimos. Sabemos que vimos dali e pouco mais.

De salientar ainda a cor verde por cima das rochas. Este fenómeno dá pelo nome de “airglow”, (muito parecido com as auroras boreais). Na realidade são partículas excitadas eletricamente e que ao longo da noite vai perdendo a energia extra proveniente do Sol.

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Uma noite de Verão em Noudar

O Parque de Natureza de Noudar, tem sido para mim nos últimos anos, uma espécie de refúgio. Sempre que possível, reservo um período de tempo das minhas férias, para ir até lá. Junto o melhor do mundo: O sossego, as paisagens, a natureza e a gastronomia. Tudo isto disponível numa herdade de cerca de 1000 ha, rodeada por azinheiras, pela ribeira de Múrtega e pelo rio Ardila. É aqui, que passo longas noites a fotografar a Lua ou a Via Láctea. Existem vários locais, uns mais remotos e isolados que outros. O desafio é irresistível, pois o céu do parque é único em Portugal.

É também aqui, que se ouvem os sons naturais de uma noite de Verão. Os animais que habitam o parque, como por exemplo o Veado, o Javali, o Lince, a Raposa, o Sacarrabos, o Texugo, o Toirão, o Fuinha, ou o Morcego, fazem com que não consigamos estar indiferentes aos seus sons. Mesmo debaixo de um céu estrelado como o que é visível na fotografia, por entre as azinheiras, em perfeita escuridão, munido de uma pequena lanterna, a noite torna-se arrepiante. O silêncio é absoluto no parque e nem mesmo o “click” da fotografia, ou do registo de um plano de timelapse, fazem com que se perca a noção do local onde estamos. Á luz da nossa galáxia e inseridos no território de outros seres vivos, surge um sentimento de fragilidade aliado a um estado de alerta que nos desperta para a verdadeira essência do mundo natural. É este contacto com a natureza que nos torna mais Humanos, mais sóbrios, longe das televisões e da profecia do apocalipse.

São as noites de Verão, no Parque de Natureza de Noudar.

A vida é feita de pequenos momentos

A vida é feita de pequenos momentos. Pequenas coisas. Pequenos grandes amigos. Amigos que sabem estar. Amigos que sabem receber. E foi apenas isto que me levou a registar esta fotografia. Estávamos em 2018 e tive a oportunidade de conhecer o filho de dois professores, de nome Miguel e que me convidou a passar uns dias de férias numa pequena aldeia, de nome Casalinho lá para as bandas de Proença-a-Nova. Quando lá cheguei, nomearam-me fotógrafo residente (se bem que isso quase ou nunca se tenha aplicado, muito por minha culpa).

Depois de uma longa conversa á mesa, onde todos tivemos oportunidade de expor as opiniões acerca do meu trabalho, das minhas viagens em prol da consciência ambiental, das galáxias e até mesmo de quem sabe verdadeiramente de apicultura, foi-me lançado o desafio de visitar um local ali próximo, com o objetivo de o fotografar. Um local que poucos conhecem, perdido no meio das serranias, lá para as bandas de um tal “Fernando”. Pasmado com o que vi durante o dia, rapidamente imaginei fotografá-lo de noite. E tão depressa imaginei, como depressa chegou a noite prevista. Depois de quase 30 minutos aos saltos dentro de uma Peugeot do século passado, agarrando firmemente a câmera fotográfica, lá chegamos. Essa noite foi para testar o local, no que toca ao melhor enquadramento.

Cerca de um mês depois, numa noite de Verão regressei ao mesmo sitio. Agora em noite de Lua Nova, a pé e sem os solavancos da Peugeot, pois ao que parece “o motor não quis pegar”. Ok. Tudo bem. Quando se procura o que se quer, nada nos impede. E a vida deve ter destas coisas, destes condimentos para nos motivar e para nos motivarmos a nós próprios e aos que nos rodeiam. Por essa razão fui com dois amigos. A verdadeira razão porque os levei (os amigos), foi porque assim os mosquitos que habitam aquele lugar, tinham maior área de pele para picar. Bem tentei que o Miguel também fosse, pois como não tem cabelo, está mais exposto aos mosquitos e talvez isso evitasse que eu ficasse picado. Não tive sucesso. Saí de lá a contar os buracos na pele. Talvez tantos quanto o ruído existente nesta fotografia panorâmica, em virtude do elevado valor de ISO que tive de colocar nos parâmetros manuais da câmera. O sitio era escuro. Tão escuro que os morcegos aparentavam ser de cor branca.

Deixo aqui esse momento, resultante de uma composição de 14 fotografias verticais, obtidas com uma Sony α7R IV e uma objetiva 16-35mm f2.8. 10 segundos de exposição e ISO 6400. Clique na miniatura ao lado, para visualizar a fotografia em tamanho maior.