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Etiqueta: Parque Natural do Douro Internacional

A cegonha-preta

Situado no Parque Natural do Douro Internacional, o miradouro do Penedo Durão, proporciona uma vista pouco comum. Não existem muito lugares no mundo, onde se possa observar de cima, o voo das aves.

No cimo do maciço rochoso, à beira de escarpas de cortar a respiração, rodeado por uma paisagem que realça a mão do Homem ao longo de várias eras, o mais fácil é avistar uma ave em voo. 

O sossego é ensurdecedor. Não fosse a leve brisa que se fazia sentir no momento destes registos, quase que se ouvia as penas das asas a deslizarem sobe a camada de ar quente que se eleva neste local, ao final da tarde.

O objetivo era fotografar os “Grifos”, mas a surpresa é sempre bem vinda. E como nestas coisas da vida selvagem e da imprevista natureza, não há garantias de nada, eu até fiquei algum tempo a duvidar do que os meus olhos me queriam transmitir. Lá ao longe, bem por cima do Douro, uma cegonha-preta (Ciconia nigra) planava com as asas bem abertas. O bico e as patas de tons vermelhos realçavam ainda mais o majestoso voo.

Depois de uma troca rápida de objetivas (200 por 600mm) ainda fui a tempo de realizar esta fotografia:

Cegonha Preta

Grifo – O todo poderoso

Grifo
Grifo

A minha paixão pela fotografia de natureza, levou-me estes dias ao Penedo Durão em Freixo de Espada À Cinta, no Parque Natural do Douro Internacional. O objectivo era fotografar aves, mais concretamente o Grifo, o Britango e a Águia Perdigueira. Confesso que fiquei surpreendido pela quantidade de aves que habitam aquela zona de Portugal. De entre algumas centenas de fotografias que realizei, decidi publicar esta em especial, pois recordo perfeitamente o momento em que a registei. O momento foi vivido apenas entre mim e o Grifo. Lembro-me de o olhar nos olhos, através da objectiva da minha câmera e de ele não gostar. Olhou em frente revoltado pelo facto de o ter fotografado e destemido desapareceu no penedo rochoso que o aguardava. A imponência destas aves, o lugar que ocupam na natureza e a sua dimensão, são aspectos que me fascinam. Apesar da importância de cada um destes seres vivos, temos vindo a observar um crescente aumento na destruição da biodiversidade. As causas poderão ser as mais variadas, contudo na maioria das vezes, somos nós que aceleramos este processo. Clique na imagem para visualizar a fotografia em tamanho maior.

Panorâmica da Via Láctea

Panorâmica da Via Láctea. Clicar na imagem para ver a fotografia num tamanho superior.

No passado dia 31 de Agosto, estive no Parque Natural do Douro Internacional, nas proximidades da Aldeia de Pena Branca, a realizar um workshop de fotografia nocturna. Na noite anterior à do evento, fui para o terreno na expectativa de conseguir realizar uma fotografia que há já algum tempo idealizava. Eu queria imenso uma fotografia panorâmica, com a finalidade de mostrar à Via Láctea, que circunda o Planalto Mirandês, localizado no Nordeste Transmontano ao longo do Douro Internacional.

Apesar de ter chegado muito tarde ao local onde iria ficar alojado (Cimo da Quinta), ainda consegui tempo para registar este momento. A ânsia de “congelar” a galáxia em espiral onde vivemos era imensa. E essa ânsia acontece, não pelo facto de querer um troféu, antes sim porque os dias que temos disponíveis para o conseguir, não são assim tantos. Isto porque os meses do ano favoráveis à fotografia da Via Láctea, são apenas 2 (na minha opinião). Por outro lado temos de eliminar os dias de Lua Cheia e as condições climatéricas desfavoráveis, como chuva, nevoeiro, neblinas, nuvens, etc. E ainda há que contar com a vontade de cada um de nós, de ir para o terreno à noite, deixando para trás algumas coisas importantes.

Com todos estes impedimentos, é fácil de deduzir que as noites para fotografar a Via Láctea, não são assim tantas como parece. É pois necessária uma boa dose de coragem, dedicação, persistência e trabalho. Tudo isto justificado pela simples razão de que é preciso mostrar o local onde vivemos. Uma pequeníssima bola azul nesta imensa Galáxia. Que quer aceitem quer não, é indiferente se essa bola azul, lá está ou não. A Via Láctea será sempre Via Láctea, com ou sem Terra, com ou sem racionalidade.  Disso não haja a mais pequena dúvida.

No entanto, sabendo eu (e tu e todos nós) a dimensão da nossa “única casa”, será mais fácil percebermos a nossa dimensão e o quão insignificante somos para a vida no Universo. Ter noção da escala da Terra em relação a esta imensa Galáxia, é ter noção do nosso lugar. Percebemos assim que todos os conflitos pessoais e da Humanidade em geral, não têm qualquer razão de ser.

Por isso, não liguem muitas luzes, não iluminem o que não é preciso, pois todos nós necessitamos da luz das estrelas, para iluminar a nossa existência.

Aproveito o momento para agradecer aos participantes no workshop de fotografia nocturna em Miranda do Douro, (Diana Pinto, Alcides Meirinhos, João Miranda de Azevedo, Manuel Marques, Ricardo Leal e Luís Almeida), pela presença. Espero que tenham vivido uma experiência única e que tenham percebido que mais importante do que fazer fotografia, é viver e registar os momentos, num negativo, num ficheiro, ou na nossa memória.