Etiqueta: Natureza
Concurso de Fotografia “Biodiversidade nos Moinhos de Jancido”
O concurso de Fotografia “BIODIVERSIDADE NOS MOINHOS DE JANCIDO” é organizado por Paulo Ferreira e pelos “Rapazes de Jancido” e insere-se no evento “Cinema nos moinhos” que terá lugar no próximo dia 29 de julho de 2023. Tem como objetivos principais, refletir e consciencializar a população em geral sobre a importância da Biodiversidade na zona dos Moinhos de Jancido, assim como desenvolver a criatividade e a expressividade.
O prazo de envio dos trabalhos originais decorre até ao dia 24 de julho de 2023 (será considerada a data de carimbo dos C.T.T.). As cópias apresentadas não serão devolvidas.
Para participar devem ler o regulamento do concurso: Regulamento
Notícia Vivacidade sobre o recente documentário do Parque das Serras do Porto
O documentário “Parque das Serras do Porto – um olhar independente” cuja estreia aconteceu no passado dia 7 de junho de 2023, tem sido um enorme sucesso no que á divulgação do estado atual do parque diz respeito. Após a sua visualização seguiu-se uma mesa redonda com vários convidados de entre os quais se salienta: Eduardo Rêgo (Loving the Planet), Arquitecta paisagística, Filipa Almeida (Apijardins), Serafim Riem (Iris – Associação Nacional de Ambiente), Prof. José Alberto Loureiro Pereira, Vitor Parati, Joel Neves – biólogo e António Gonçalves (dos rapazes de Jancido).
Esta semana foi notícia no jornal Vivacidade.
Em busca dos pirilampos perdidos
Era um dia, como todos os dias de verão. Ou se calhar, não.
O relógio marcava 21h30, o sol de cor quente desaparecia na linha do horizonte. Tinha comido qualquer coisa a correr e sem dar por isso, percorria um caminho que escurecia a cada passo, junto às margens do rio Sousa. Os meus olhos começavam a habituar-se à ausência de luz natural. E apesar de tropeçar aqui ou ali numa pedra ou numa raiz do caminho, não desviei o olhar de uma ou de outra luz que piscava ao meu redor. Eu seguia-as a cada passo. O caminho parecia um túnel feito de árvores e arbustos e os seus ramos faziam questão de me despentear. Parecia que estava a entrar num filme fantástico, numa outra realidade. Aos poucos, aquela pequena luz amarela que piscava ao meu redor, foi-se juntando a outras que piscavam ainda mais. O entusiasmo cresceu e o mundo fantástico dos pirilampos revelou-se. E por ali fiquei a observar aquele mundo. Quando dei por mim, estava a seguir aquelas pequenas luzes para todo o lado. Para a esquerda, para a direita, para cima e para baixo. Quase a perder o equilíbrio, pisquei os olhos mais uma vez e disse para mim que era chegada a hora de registar aquele momento. De acordar e de começar a trabalhar. A noite seria longa. As rãs fizeram questão de me acompanhar no processo de montagem do tripé e das definições da câmara fotográfica. Foi ao som delas que a noite se tornou ainda mais animada. Por lá passaram umas quantas pessoas que vinham ver o fenómeno e alguém me dizia: “Parece um filme do avatar”.
Citando Alberto Caeiro, eu atrevo-me a dizer:
O Mundo não se Fez para Pensarmos Nele
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender …
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar …
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar…
Hoje de manhã saí muito cedo
Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer…Não sabia por caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.Assim tem sido sempre a minha vida, e
assim quero que possa ser sempre —
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.
Alberto Caeiro, in “Poemas Inconjuntos”
Documentário “Parque das Serras do Porto – um olhar independente” estreia na Escola Dramática e Musical Valboense
Ontem, dia 07 de junho de 2023, realizou-se a estreia do documentário “Parque das Serras do Porto – um olhar independente”. A apresentação teve lugar na Escola Dramática e Musical Valboense, pelas 21h30. Após a mostra do documentário, seguiu-se uma conversa entre todos os presentes. O relógio marcava as 24h00 e o público não arredava pé. Na minha opinião foi um sucesso. Uma iniciativa pessoal em parceria com outras entidades, num processo de cidadania. Obrigado a todos os presentes.
Porto Canal – Paulo Ferreira e o documentário das Serras do Porto
A convite da Porto Canal, estive no dia 06 de junho de 2023 pela manhã nos estudios do canal de televisão, para falar sobre o documentário “Parque das Serras do Porto – um olhar independente”.
Parque das Serras do Porto – um olhar independente
O Cinema e a Fotografia na Consciencialização Ambiental – EPROMAT
Paulo Ferreira irá realizar uma palestra intitulada “O Cinema e a Fotografia na Consciencialização Ambiental”, na Escola Profissional de Matosinhos (EPROMAT). O evento realiza-se no dia 5 de junho pelas 10H00. Entrada livre. O convite endereçado ao Paulo Ferreira é sinónimo de que o trabalho que tem realizado, começa a ser interessante para as escolas, palco da formação daqueles de quem se espera um futuro melhor.
O tordo-ruivo (Turdus iliacus)
Paulo Ferreira (Fotografia e vídeo de natureza):
Lembro-me que o mês de março chegava e a chuva não dava tréguas. Estava ansioso por fotografar o tordo-ruivo, uma ave que supostamente havia sido avistada alguns dias antes no vale do Ferreira, mas o tempo não ajudava. Finalmente, depois de uma semana de chuva intensa, o sábado chegou e manhã bem cedo, coloquei-me a caminho da margem direita do rio Ferreira, já muito próximo da foz com o rio Sousa. Quando lá cheguei, por volta das 07h00, o frio fazia-se sentir e o caminho junto ao curso de água estava coberto de lama, em virtude do rio ter galgado as suas margens nos dias anteriores. Apesar disso, não me deixei desmotivar e rapidamente coloquei-me a caminho. Ao fim de 5 minutos de caminhada, as botas pesavam quase 5 kg cada uma, de tanta lama agarrada ás solas. Mas lá fui. A vontade de encontrar e fotografar esta ave, era mais forte do que tudo o resto. Por outro lado, a lama ajudava a que não fizesse tanto barulho e permitiu-me aproximar um pouco mais do local onde eu ouvia o seu canto, um característico chamamento metálico e decrescente. Munido de uma objetiva de 600mm, eu sentia-me capaz de fotografar aquela ave. Contudo não foi bem assim. Apesar de ter o equipamento necessário para o conseguir, a tarefa foi complicada pelo constante voo do ave. Os poucos exemplares que avistei não permaneciam muito tempo nos ramos das árvores mais altas e isso dificultava o meu trabalho. Quando ouvi ao longe o sino de uma igreja a anunciar as 10h00, tomei consciência de que a tarefa não estava a ser produtiva e decidido, embrenhei-me nos ramos de um salgueiro e tentei disfarçar-me ao máximo. E ali fiquei. Sentado na lama, procurei uma abertura por entre os ramos e rapidamente verifiquei que os tordos já não estavam tão ativos. Talvez porque não me viam? Talvez fosse. O certo é que lá fui conseguindo registar algumas fotografias como é o caso desta. Duas horas depois, regressava a casa, carregava o “peso” das fotografias, vinha mais “rico” e sentia-me realizado.
Joel Neves (Biólogo):
O tordo-ruivo (Turdus iliacus) é uma das quatro espécies vulgarmente denominadas de tordo da nossa avifauna, e um invernante relativamente comum, que pode passar facilmente despercebido a quem, principalmente, não conhece o seu característico chamamento metálico e decrescente. Visualmente, distingue-se dos demais tordos pelos flancos ruivos, bastante notório na base das asas durante o voo, por ostentar uma risca branca acima do olho (listra supraciliar) e base do bico amarela.
Os primeiros indivíduos começam a ser observados no nosso território em finais de Outubro estabelecendo-se por cá até meados de Março, aquando dão inicio à sua longa viagem de retorno para os seus locais de nidificação, desde a Islândia e Escandinávia até ao norte da Ásia. Em locais mais sossegados e longe da poluição sonora, é possível ouvir dezenas de indivíduos a emitir as suas características vocalizações enquanto efetuam as suas deslocações migratórias durante as noites mais frias de outono.
Um pouco como a maioria das aves migradoras que por cá passam o inverno, a população invernante desta espécie varia de número de efetivos consoante as condições e disponibilidade de alimento nos seus locais de nidificação e nos locais de invernada no centro da Europa. São aves gregárias, ou seja, formam bandos e associam-se frequentemente com outras espécies de tordos, como o tordo-comum (Turdus philomelos) ou a tordoveia (Turdus viscicvorus). Frequentam vários tipos de habitats florestais e agrícolas, onde possam procurar por invertebrados, frutos e bagas de inverno.
A partir de 2015, esta espécie passou a constar como “Quase ameaçada” quanto ao estatuto de conservação na Europa, devido ao seu decréscimo populacional desde a década de 80, uma vez que se estima estar a diminuir em 30% a cada três gerações (15 anos). Pensa-se que as alterações climáticas sejam uma das razões que levam a este declínio, já que a espécie tem vindo a perder locais de nidificação, passando a ser o seu limite de distribuição cada vez mais a norte. Também a perda de vegetação arbustiva densa, que a espécie depende, particularmente, nos seus locais de reprodução, para a conversação em pastoreio é um fator acrescentado que leva a esta tendência, assim como a caça na região mediterrânica e que é particularmente notória em Portugal.