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A Salamandra-lusitânica

Salamandra-lusitânica

Fotografar anfíbios não é assim lá muito agradável, pois gostam de habitar lugares húmidos. É o caso da Salamandra-lusitânica. Esta estava para lá da entrada da mina, uns bons 20 metros. Foi uma aventura entrar na mina com o objetivo de fotografar a Salamandra, pois estava escura e húmida e era relativamente baixa para mim. Como tal fui obrigado a permanecer no seu interior durante largas horas e sempre aninhado pois não conseguia estar na posição ereta.

Munido de uma botas adequadas e que chegavam até aos joelhos, lá me aventurei no seu interior em busca de Salamandras. Havia poucas era um facto.

As alterações ao seu habitat, a poluição dos cursos de água e os incêndios rurais são algumas das principais ameaças a esta espécie, que foi classificada como vulnerável face à área restrita onde se pode encontrar e ao decréscimo do número de indivíduos. Esta classificação aconselha a medidas de preservação e reabilitação dos habitats onde vive, bem como dos locais onde se reproduz – como é o caso das minas e grutas.

Esta é uma espécie que só existe (endémica) no Noroeste da Península Ibérica e foi descrita pelo naturalista Barbosa du Bocage, nos anos 60 do século XIX.
Quando ameaçada, a Salamandra-lusitânica consegue soltar a sua cauda.


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Galáxia de Andrómeda Um Poema

Andromeda

Na vastidão do firmamento estrelado, Andrómeda, esplêndida, se ergue no espaço, Um turbilhão de estrelas, dança de luz e encanto, Um poema cósmico, um sonho abraçado.
Ela gira em segredo, em espirais de mistério, Bordada com estrelas, joias do infinito, Nebulosas dançam em seu véu sedoso, Nas asas da noite, ela brilha, um afluente.
Distante e majestosa, em seu manto celeste, Andrómeda nos convida a contemplar, Os segredos do universo, os mistérios profundos, Que na noite escura, ela nos revela, a sonhar.
Em sua galáxia, uma sinfonia de luz, Bilhões de histórias, vidas por desvendar, Andrómeda, tu és nossa irmã cósmica, Nossa inspiração, nossa busca no olhar.
Assim, em poemas estelares, te celebramos, Andrómeda, beleza nas fronteiras do espaço, Que possamos, um dia, juntos desvendar, Os segredos que em teus braços vêm repousar.

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Fotografia no Parque Natural de Montesinho

Fauna em Montesinho

O Parque Natural de Montesinho é uma área protegida localizada no nordeste de Portugal, na região de Trás-os-Montes, próxima à fronteira com a Espanha. Este parque natural é conhecido pela sua beleza natural, biodiversidade e pela presença de diversas espécies de animais selvagens, incluindo os veados.

Os veados (Cervus elaphus) são uma das espécies de cervídeos que habitam o Parque Natural de Montesinho. Estes animais são mamíferos herbívoros e são conhecidos pela sua elegância e majestosidade. Os veados são animais de porte médio a grande, com pelos acastanhados e chifres, que crescem principalmente nos machos e são usados durante a época de acasalamento para lutas e disputas territoriais.

A população de veados em Montesinho é estudada para garantir a sua conservação e proteção. Eles desempenham um papel importante no ecossistema, pois ajudam a controlar a vegetação ao alimentarem-se de plantas, arbustos e ervas. Além disso, são uma atração para os visitantes do parque, que têm a oportunidade de observar esses majestosos animais no seu ambiente natural.

Os veados são apenas uma das muitas espécies de fauna que podem ser encontradas no Parque Natural de Montesinho, que abriga uma grande variedade de animais selvagens, incluindo aves de rapina, javalis, lobos e muitos outros. Este parque é um importante refúgio para a vida selvagem em Portugal e oferece oportunidades excecionais para a observação da natureza e a prática de atividades ao ar livre num ambiente natural intocado.

Veja as fotografias na Galeria

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O cometa Nishimura (C/2023 P1)

Cometa Nishimura em Gondomar

O cientista japonês Hideo Nishimura descobriu no dia 11 de agosto um novo cometa, cuja passagem pela órbita do Sol foi prevista pela NASA para o início de setembro.
Agora, após uma curta, mas muito aguardada espera por parte dos amantes da astrofotografia, o cometa conhecido como Nishimura (C/2023 P1) atingiu o seu ponto mais próximo da Terra, e isso foi motivo para tentar registar este objeto celeste.
A fotografia mostra o cometa “por cima da capela do Calvário” em Gondomar e como se trata de um cometa periódico, só daqui a 400 anos é que será possível observá-lo novamente.
Depois de vários dias a estudar a posição do cometa de que toda a gente que gosta de astrofotografia, falava, no passado dia 8 de setembro, levantei-me às 4h00 da madrugada e desloquei-me para a zona do Monte Castro, local onde montei um sistema fotográfico que me ajudou na recolha de fotografias.
Depois de chegado ao local (por volta das 4h30), tive de escolher o melhor enquadramento possível com o objetivo de registar o cometa e para isso contei com o auxílio de software específico que me ajudou a orientar na direção do nascer do Sol, dado que era nessa zona que o objeto celeste iria surgir por detrás das serras do Parque das Serras do Porto.
Depois de posicionado os dois tripés que utilizei, comecei por registar algumas fotografias de teste, quando reparei que o relógio marcava 5h30 e a ténue luz do nascer do dia começava a surgir no horizonte.

Eu sabia que tinha uma janela de oportunidade muito pequena. Antes do nascer do Sol, eu tinha de fotografar o cometa, dado que a luz do dia iria impossibilitar o registo fotográfico. As dificuldades seriam muitas, desde logo a localização do cometa através da minha câmara fotográfica e esperar que as nuvens ou neblinas não surgissem na linha do horizonte. Com um pouco de sorte (que deu muito trabalho), as neblinas não surgiram e o registo fotográfico iniciou-se quando localizei o cometa a surgir por detrás das serras após uma fotografia de longa exposição (cerca de 20 segundos).
Isto só foi possível pois o sistema de “tracking” Sky Watcher que utilizei, permite que qualquer câmara que esteja acoplada a ele (neste caso foi utilizada uma objetiva de 200mm), vá acompanhando a rotação da Terra. De uma forma mais simples (pois o processo é um pouco complexo), pode-se dizer que este sistema é “apontado” à Estrela Polar e a partir daí qualquer objeto roda em torno desse eixo, o que permite por exemplo registar fotografias de longa exposição para capturar a ténue luz proveniente do espaço profundo e nunca perder definição. O que seria impossível com uma câmara estática.
Nunca seria possível registar exposições com duração superior a 12 segundos (mesmo com valores de ISO elevados), se não fosse com a ajuda deste equipamento, caso contrário as estrelas e planetas no horizonte, ficariam com um “risco” e não com um “ponto” de luz.
Depois de registar cerca de 250 fotografias (até às 6h45), poucos minutos antes do Sol surgir no horizonte, dei o registo por terminado e regressei a casa, local onde mais tarde viria a editar estas fotografias e com elas devidamente “empilhadas”, numa técnica que dá pelo nome de “stacking”, criar esta imagem. O facto de ser um profissional da fotografia e do vídeo e ao mesmo tempo possuir formação em Sistemas Informáticos, dá-me valências que possibilitam ir mais longe no mundo da fotografia. E o espaço profundo é todo um mundo novo que está a revelar-se às novas tecnologias.
Perceber que com uma simples câmara fotográfica e uma objetiva com algum “zoom”, podemos capturar imagens que os nossos olhos não veem, é deveras apaixonante e permite ter outra perceção da casa que habitamos (o planeta Terra) e todo o jardim ao seu redor (a Via Láctea).
Paulo Ferreira já registou imagens da Lua em alta resolução, da Via Láctea, da Galáxia de Andrómeda, da Nebulosa de Orion, das Perseidas, do Cometa Neowise e agora o Nishimura, entre outros objetos.
Contudo, este é um processo moroso, que dá algum trabalho, requer preparação e estudo e exige dedicação, mas que de certa forma dá prazer quando vemos a imagem surgir diante de nós. E neste caso em particular, tratando-se de um cometa, a satisfação é ainda maior.
Saibam mais sobre as minhas fotografias e vídeos em www.pauloferreira.pt

Paulo Ferreira e a história da fotografia do cometa Nishimura (C/2023 P1)

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Não basta abrir a janela

Não basta abrir a janela.

Adoro Alberto Caeiro. Peguei num dos seus poemas e realizei este vídeo. 

Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

© 1924, Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
From: Poesia
Publisher: Assírio & Alvim, Lisbon

A versão em Inglês:

To see the fields and the river
It isn\’t enough to open the window.
To see the trees and the flowers
It isn\’t enough not to be blind.
It is also necessary to have no philosophy.
With philosophy there are no trees, just ideas.
There is only each one of us, like a cave.
There is only a shut window, and the whole world outside,
And a dream of what could be seen if the window were opened,
Which is never what is seen when the window is opened.

@ Translation: 1998, Richard Zenith
From: Fernando Pessoa & Co. – Selected Poems
Publisher: Grove, New York, 1998

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Melro-d´água (Cinclus cinclus)

Melro-d´água (Cinclus cinclus)

Paulo Ferreira (Fotografia e vídeo de natureza):

Gosto de fotografar a flora e fauna natural. Gosto de fotografar o céu e as estrelas. O dia e a noite. Gosto de fotografar e pronto. Mas confesso que quando me iniciei na fotografia de natureza, estava longe de pensar que algum dia isso me iria dar prazer. O simples prazer de observar, de admirar, de imortalizar, de dar a conhecer, ou simplesmente guardar na minha memória. Estar em contacto com o mundo natural, é estar próximo da vida. Sentir o mundo e perceber a sua fragilidade. E acreditem que me agarro à vida, como quem saboreia um chocolate. É até ao último pedaço. E foi com esta premissa que tenho vindo a aperfeiçoar a técnica que está inerente a quem almeja a conceção de tão difícil fotografia. Seja uma simples ave, ou um simples mamífero. Ou um escaravelho. Ou seja, desde o ser “macro” ao maior objeto do espaço profundo. Neste caso foi uma ave. Uma ave que tem vindo a desaparecer dos rios mais isolados da zona onde vivo. Falo por exemplo do curso de água cuja foz fica em Rio Mau – Penafiel. De vez em quando percorro uma parte deste afluente do rio Douro, na parte mais a montante, nas proximidades de Cabroelo. E foi por ali que fotografei esta espécie. Nesse dia, o meu objetivo não era fotografar o Melro-d´água e como tal quando me deparei com a sua presença junto a uma pequena queda de água, fiquei surpreso. Lembro-me que me escondi um pouco para não assustar a pequena ave e munido de uma câmara fotográfica e de uma objetiva de 600mm, fui registando algumas fotografias e de entre as quais selecionei esta. Depois de vários minutos a observar a ave a entrar e a sair da água, reparei que tinha os pés completamente molhados, pois na ânsia de me embrenhar na natureza, havia pisado uma pequena poça de água, que havia ficado retida na margem. Habitualmente pergunto-me se não são estas histórias que me dão prazer e me incutem uma vontade enorme de continuar.

Joel Neves (Biólogo):

Pequeno e rechonchudo, de tonalidade predominantemente castanha e com uma mancha branca grande no peito, o melro-d’água (Cinclus cinclos) é um símbolo dos rios das terras altas do Norte e Sul do país. Esta espécie está praticamente ausente do litoral e a sul do Tejo, e apenas ocorre em linhas de água límpidas, pouco profundas, de regime torrencial com rápidos/represas/quedas de água e com pedras expostas. É residente e tem, essencialmente, hábitos sedentários, sendo por isso possível de ser avistado todo ano nas zonas de reprodução ou muito próximas destas. Apenas muito excecionalmente, podem-se deslocar para mais perto do litoral ou zonas de menor altitude aquando da dispersão dos juvenis na época da migração pós-nupcial. O ninho consiste numa pequena taça de musgo com uma entrada lateral, feitos em locais inconspícuos e inacessíveis na face de rochas ou debaixo de represas e, por vezes, até mesmo por trás de quedas de água.
Detentor de comportamentos muito particulares, o melro-d’água é um regalo para aqueles que têm um fascínio pela observação de aves e/ou fotografia da natureza. A sua característica “dança”, com o balancear do corpo de cima para baixo, pousados numa rocha no leito de um rio e a sua fantástica forma de capturar as suas presas de eleição, os invertebrados aquáticos, onde para isso mergulham (podendo chegar a 1m de profundidade) e nadam usando as suas asas, são dos espetáculos mais fascinantes na nossa avifauna.
Embora não se encontre com estatuto de conservação desfavorável, as tendências populacionais do melro-d’água seguem a da maioria das espécies de aves a nível global, um decréscimo na última década. As principais causas que contribuem para tal, são a poluição das linhas de água montanhosas e a perturbação humana em locais de nidificação.

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Ponte medieval no Parque Natural do Alvão

Ponte romana Parque Natural do Alvão

Ponte medieval no Parque Natural do Alvão. O local estava em silêncio, antes de começar a ouvir o som dos meus próprios pés, quando comecei a descer o amontoado de pedras, cobertas pelas folhas secas. A água do rio Ôlo, escura e macia, salpicada pelas gotas de água que caíam das nuvens negras, dava um toque misterioso ao cenário que estava diante de mim. Procurei ficar em silêncio e por ali continuei alguns minutos a observar atentamente cada detalhe do local, ao mesmo tempo que ia registando algumas fotografias.

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Vislumbrei por entre as rochas, algumas cabras-monteses

Cabra-montes

Havia percorrido um trilho naquele que gosto de designar “Gerês profundo”. Depois de várias horas de caminho, vislumbrei por entre as rochas, algumas cabras-monteses que aqui encontram refugio. Aninhei-me para que não me vissem e por ali fiquei a admirar o malabarismo prodigioso deste animal selvagem. Alguns minutos mais tarde, surgiram duas na lateral de um enorme maciço granitico. Fui recolhendo algumas fotografias, de entre as quais divulgo esta.

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A Lua que quase beijou a torre do Castelo de Noudar

A Lua em Noudar

Tive a oportunidade de realizar um workshop de fotografia noturna, em pareceria com o Parque de Natureza de Noudar, nos dias 18, 19 e 20 de agosto. O local possui excelentes condições noturnas para que este tipo de fotografia seja realizado. Praticamente não há luz artificial nas proximidades do parque e isso é uma mais-valia para a astrofotografia, por exemplo. Foi o caso desta imagem. Eu sabia que nesses dias, a Lua iria “passar sobre o castelo de Noudar”, se o ponto de registo desse momento, fosse as instalações da Herdade da Coitadinha (Parque de Natureza de Noudar). Dias antes havia consultado alguma informação ao nível de software que ajuda a perceber estes momentos únicos. Mas apesar dessa consulta e cruzamento de informação ao nível da tecnologia existente, não tinha a certeza disso mesmo. Corria o risco de ter de me movimentar para a lateral das instalações e isso poderia não ser possível dado que os terrenos são vedados para pasto dos animais que habitam o parque. Os nossos sentidos ainda são uma mais-valia para complementar a parte tecnológica do processo. E havia outra razão para estar um pouco sético, e que tem a ver com as condições meteorológicas. Por exemplo, as nuvens não podiam surgir ao final da tarde. Munido de uma câmara fotográfica e de uma objetiva de 600mm, montei o tripé no pátio exterior da Herdade por volta das 20h00 e aguardei pelo momento mais favorável ao registo fotográfico. O relógio marcava 20h27 quando a Lua “aparentemente descia” sobre a muralha do Castelo de Noudar. Foram registadas algumas fotografias em diferentes técnicas fotográficas e o resultado é este. Uma Lua que quase beijou a torre do Castelo de Noudar. O mundo é admirável. Só temos de o saber preservar.  Sermos sustentáveis e consciencializar os políticos mais sépticos. Este é o meu desígnio.

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Perseidas 2023 no Parque Natural do Alvão

Perseidas 2023_1

Noa dia 12 de agosto de 2023, pelas 22H00, estava no Parque Natural do Alvão, com o propósito de registar as “Perseidas”. Um fenómeno que todos os anos nos proporciona noites de “chuva de estrelas”. Procurei um local que fosse o mais apropriado para estar longe da luz artificial e acrescentei algum isolamento, pois não queria ser incomodado no trabalho que pretendia realizar. Dois amigos, o Manuel Marques e o Ricardo Leal, fizeram companhia e a noite foi bem passada.

Com duas câmaras apontadas ao céu, ficou muito fácil registar alguns meteoros, até porque ambas estavam a capturar sequências de fotogarfias com o objetivo de produzir alguns planos de timelapse. A noite só terminou por  volta das 03H00 da madrugada, mas considero que valeu a pena. Deixo aqui algumas fotogafias e o vídeo que entretanto realizei.

Perseidas 2023_2

Perseidas_2023_3

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